Quando jovem, Faetonte ainda não havia conhecido o seu pai. Angustiado, falou com a sua mãe e implorou-lhe que, se realmente fosse filho do deus, ela houvesse de enviá-lo ao seu encontro. Sem outras saídas, a mãe o mandou ao palácio do Sol, morada de Apolo. Quando o semideus chegou ao local, encontrou, além do deus sentado no trono, as estações do ano, as horas e várias outras entidades mitológicas. Abraçado pelo seu pai assim que chegara, o menino pediu para que o deus provasse sua paternidade, concedendo-lhe qualquer desejo. Após fazer com que Apolo jurasse, Faetonte pediu permissão para guiar a carruagem do Sol por um dia.
Mesmo após uma longa advertência do deus, o jovem não abriu mão de seu pedido. Cego pelo desejo, empunhou as rédeas e partiu aos céus desgovernadamente após instruções do deus Sol.
O garoto não poderia, segundo seu pai, aproximar-se demais do céu ou da terra. Do contrário, queimaria os deuses ou os humanos. Sem controle dos animais, porém, percorreu quase toda a extensão terrestre queimando montanhas, mares, constelações e parte do monte olimpo. Mesmo ungido por um óleo divino que o impedia de se queimar, o fogo no ar dificultava a respiração, fazendo Faetonte sofrer.
Após algum tempo de agonia, a terra se ergueu no calor e suplicou a Zeus, deus dos céus, que acabasse com todo mal que a assolava. Zeus, vendo que não tinha outra saída, ribombou um grande raio que atingiu o peito do semideus, fazendo-o cair, morto, de sua carruagem.
NOTA DO AUTOR:
Uma das alusões mais bonitas feitas ao mito vem do poema "Samor" de Milman:
"Como quando o universo horrorizado
Jazia mudo e quieto, quando o filho
Do Sol, dizem os poetas, o paterno
Carro levava por atalhos falsos.
Até que Jove o fulminou, e o mísero
Afogou-se no golfo junto ao qual
As irmãs, os seus ramos agitando,
Por ele choram lágrima de âmbar."
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